Apresentar a origem, o significado e a missão dos coroinhas na Igreja Católica, destacando sua importância no serviço ao altar, suas atribuições litúrgicas e a espiritualidade que deve nortear sua vocação.

Origem e História dos Coroinhas

   

          A tradição dos coroinhas remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, quando crianças e jovens começaram a ajudar os bispos e presbíteros nas celebrações, principalmente no canto e no auxílio prático do culto. O termo “acólito” (do grego akolouthos = "aquele que segue") já era utilizado no século III.


           Na Idade Média, surgiu o costume de instituir meninos como servidores do altar. Com o passar do tempo, popularizou-se o uso do termo “coroinha” para designar as crianças e adolescentes que auxiliam nas funções litúrgicas, especialmente nas missas paroquiais.


          Atualmente, o serviço dos coroinhas é amplamente reconhecido e incentivado como forma de educação litúrgica, vocacional e comunitária, contribuindo para a formação cristã das novas gerações.

O termo Coroinha         


         O termo “coroinha” vem do latim e significa “menino do coro”. A origem deste termo vem da antiga celebração da missa, no ano de 313, onde parte do ritual era cantada em coro e, ocasionalmente, alguns dos meninos do coro eram solicitados para auxiliar os padres no altar. Daí, surgiu o termo coroinha, designando os meninos do coro que auxiliavam os sacerdotes. 

       

        Antigamente o povo somente assistia às celebrações da Santa Missa e partes do ritual eram cantadas em coro. O coroinha não é apenas um enfeite, ele tem uma função importante, ele desempenha um ministério. Os anos foram passando e a liturgia ganhou formas novas de participação, o povo começou a participar mais ativamente nos cantos, nas leituras, nas orações e nas respostas, todos puderam se aproximar mais do altar. O ministério dos coroinhas também evoluiu, o coroinha passou a servir mais ao altar e acompanhar o celebrante prestando auxílio quando necessário.

SER COROINHA         


         Ser coroinha é estar a serviço: a serviço do altar e do próximo.


        Servir ao altar não é apenas ajudar o padre, transportar os objetos litúrgicos ou executar as funções que lhe são próprias. Servir ao altar é muito mais: é participar do Mistério Pascal de Cristo, ou seja, da Paixão-Morte-Ressureição de Cristo. Servir ao altar é estar aos pés da cruz, é contemplar o Cristo ressuscitado com os olhos da fé e viver alegremente o Evangelho. 


            Estar a serviço do próximo é estar pronto para a doação e a entrega, é ser amparo e consolo para os que necessitam, é saber amar e viver a caridade. A vida de Cristo foi dedicada a servir o próximo. Da mesma, forma o coroinha é chamado a servir como Cristo. 


          No seu serviço o coroinha deve buscar sempre a alegria e a disposição, o contato fraterno e amigo, o respeito e a dedicação às coisas sagradas. O jovem deve demonstrar que vive sua fé, que observa os Mandamentos de Deus e que procura sempre ser justo e correto. Deve continuamente dar testemunho de que Cristo é o seu Senhor e Mestre. 

     

        Na vida  do coroinha a oração é fundamental. É pela oração que o jovem aprende a se relacionar com Deus, a se tornar íntimo do Senhor. Na oração recebem-se as graças de Deus, o auxílio para os momentos difíceis e a força para superar o pecado e as falhas pessoais. Sem oração não se pode servir ao altar, pois como vamos estar com Cristo se não temos intimidade com Ele? É a oração que permite ao coroinha exercer o seu serviço ao próximo e ao altar de forma digna.       


          Ser coroinha é viver a Eucaristia, é viver Cristo em todos os momentos da vida. A Eucaristia é a fonte de todas as graças, é alimento que fortalece a alma e nos conduz ao Pai. Ao viver a Eucaristia, o coroinha vive o seu ministério de serviço com mais dignidade, dedicação, oração e amor e, assim, santifica-se e aproxima-se cada vez mais de Deus.

O que o Coroinha deve conhecer


          Um bom coroinha deve ser formado na fé e ter conhecimento sobre:

  • Os momentos da Missa e seus significados
  • Objetos e alfaias litúrgicas
  • Vocações e ministérios na Igreja
  • Tempos litúrgicos e cores das vestes
  • Posturas e gestos sagrados
  • A presença real de Jesus na Eucaristia
  • A importância do silêncio e da oração


O serviço do coroinha no altar


          Durante a Missa e outras celebrações, os coroinhas ajudam em diversas funções:

  • Carregar a cruz e as velas na procissão de entrada
  • Manusear o turíbulo e naveta no uso do incenso
  • Auxiliar nas oferendas e na preparação do altar
  • Servir o livro ao sacerdote
  • Tocar os sinos na consagração
  • Participar com postura orante e atenta


          Seu serviço não é apenas técnico, mas profundamente espiritual, como alguém que ajuda os irmãos a rezar melhor e vive a alegria de servir a Deus.


Espiritualidade do Coroinha


         O coroinha deve cultivar:

  • Amizade com Jesus na oração e na Eucaristia
  • Zelo pela liturgia e amor à Igreja
  • Vida sacramental, especialmente a Confissão e a Comunhão
  • Alegria no serviço, como São Tarcísio, seu padroeiro


          "O altar não é um palco, e o coroinha não é um ator, mas um servidor do Sagrado."



OS 10 MANDAMENTOS DO ACÓLITO/COROINHA


  1. Amar a Deus e à Igreja de todo coração - O coroinha é, antes de tudo, um cristão em crescimento, chamado a desenvolver um relacionamento íntimo com Deus. Amar a Deus significa colocar o Senhor em primeiro lugar na vida, buscando agradá-Lo com atitudes e escolhas. Amar a Igreja é respeitar seus ensinamentos, viver em comunhão com a comunidade e ser fiel aos compromissos assumidos como servidor do altar.


           2. Ser amigo de Jesus na Eucaristia - Jesus está verdadeiramente presente na Eucaristia. O coroinha, por servir tão perto do altar, é chamado a cultivar uma amizade profunda com o Senhor no Santíssimo Sacramento. Isso se expressa na oração silenciosa diante do Sacrário, na reverência durante a Missa e na valorização da comunhão eucarística como alimento espiritual.


           3. Ser pontual e assíduo nas celebrações - A pontualidade e a assiduidade mostram responsabilidade e respeito com a missão recebida. Chegar com antecedência, preparar-se bem e não faltar sem necessidade revelam maturidade e zelo pelo serviço litúrgico. Deus se alegra com aqueles que O servem com dedicação e constância.


          4. Conhecer e respeitar o espaço litúrgico - O altar, o ambão, o sacrário e demais elementos da igreja são espaços sagrados. O coroinha deve conhecê-los, tratá-los com cuidado e respeitá-los. A sacristia, o presbitério e os objetos litúrgicos não são locais comuns; exigem silêncio, atenção e comportamento reverente.


          5. Servir com humildade, atenção e alegria - Ser coroinha é um privilégio, mas não uma vaidade. O serviço deve ser realizado com humildade, sem querer chamar atenção. A atenção garante que tudo corra com ordem e beleza, e a alegria é sinal do amor com que o coroinha serve a Deus e à comunidade. Um coração alegre torna a liturgia mais viva e acolhedora.


          6. Ser obediente aos coordenadores e sacerdotes - Obedecer é sinal de respeito e de espírito de equipe. O coroinha deve estar disposto a ouvir e seguir as orientações dos responsáveis, reconhecendo que a liturgia requer ordem e colaboração. A obediência, quando vivida com fé, ajuda a crescer como discípulo e a formar-se para a vida cristã.


          7. Dar bom testemunho na comunidade - O coroinha, mesmo fora da Missa, deve viver de maneira coerente com sua fé. Isso inclui linguagem respeitosa, comportamento ético na escola e em casa, boas amizades e uso responsável das redes sociais. O testemunho é uma extensão daquilo que se vive diante do altar.


         8. Rezar diariamente e participar da catequese - A oração fortalece a amizade com Deus e prepara o coração para o serviço litúrgico. A catequese é essencial para que o coroinha conheça melhor a fé que professa e vive. Um coroinha que reza e se forma torna-se mais consciente do que faz e vive mais profundamente sua missão.


         9. Cuidar dos paramentos e objetos litúrgicos - Cada objeto litúrgico tem um significado e deve ser tratado com respeito. O coroinha tem a responsabilidade de ajudar na conservação, na organização da sacristia e no zelo pelas alfaias. Tudo o que é usado na liturgia serve para louvar a Deus e merece cuidado especial.


        10. Ver no altar o lugar de encontro com Deus - O altar é mais que uma mesa: é o lugar do sacrifício, da presença de Cristo, do mistério celebrado. O coroinha precisa reconhecer essa realidade e se aproximar do altar com respeito, atenção e espírito de oração. Servir no altar é servir diante do próprio Deus.


Oração do Coroinha



Ó Meu Bom Jesus que vivias com o pai celeste em profunda e filial sintonia, aceite nossa dedicação a serviço da liturgia.

É nosso desejo tratar com respeito, mas sem preconceito, as pessoas da comunidade que contam com seu auxílio nessa difícil caminhada.

Dai-nos um coração repleto de amor aos pobres e simples deste mundo.

Alimenta-nos com suas palavras e com seus ensinamentos, pois queremos te ajudar, ó Jesus, a transformar a sociedade, e assim celebrarmos dignamente: com sinais, ritos e movimentos, a salvação que nos oferece hoje e sempre em favor da humanidade.

Amém

📚 Bibliografia e Referências

  • Catecismo da Igreja Católica, nn. 1145–1186
  • Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), ed. típica 2011
  • Redemptionis Sacramentum – Congregação para o Culto Divino (2004)
  • Carta aos Coroinhas – Papa Bento XVI (Encontro Mundial de Coroinhas, 2006)
  • Diretório da Liturgia da CNBB
  • CNBB – Subsídios de Formação para Coroinhas e Acólitos
  • Exortação Apostólica Christus Vivit – Papa Francisco (2019)


A Importância do Coroinha Segundo São João Paulo II


        O trabalho realizado pelos coroinhas durante a celebração é de muita importância, pois ajuda no andamento da celebração e para que tudo saia dentro do planejado. O Papa João Paulo II escreveu uma carta dedicada aos coroinhas, veja:

João Paulo II pede para que se dedique maior atenção aos coroinhas (Cidade do Vaticano, 7/4/2004)


         João Paulo II pediu às comunidades paroquiais e aos sacerdotes que dediquem maior atenção aos coroinhas, meninos e jovens que ajudam no serviço ao altar, pois constituem um "viveiro de vocações sacerdotais”.

        O pontífice lança seu pedido na tradicional Carta que envia aos sacerdotes do mundo com motivo da Quinta-feira Santa, na qual presta particular atenção à oração e ao compromisso da Igreja para suscitar vocações à vida consagrada.

       "Cuidai especialmente dos coroinhas, que são como um “viveiro” de vocações sacerdotais", explica o Papa na carta que escreve há 25 anos aos presbíteros do mundo nesta data, na qual se celebra os momentos em que Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio na última Ceia.

        "O grupo de acólitos, bem acompanhado por vós no âmbito da comunidade paroquial, pode percorrer um válido caminho de crescimento cristão, formando quase uma espécie de pré-seminário", declara.

        "Recorrendo à cooperação de famílias mais sensíveis e dos catequistas segui, com solícita atenção, o grupo dos acólitos para que, através do serviço do altar, cada um deles aprenda a amar cada vez mais o Senhor Jesus, reconheça-O realmente presente na Eucaristia e saboreie a beleza da liturgia", sugere o Santo Padre.

       "Todas as iniciativas para os acólitos, organizadas a nível diocesano e por zonas pastorais, devem ser promovidas e estimuladas, tendo sempre em conta as diversas faixas etárias", sublinha.

     O Papa Karol Wojtyla se remete à sua experiência de arcebispo de Cracóvia, quando pôde apreciar, segundo revela, "quão proveitoso é dedicar-se à sua formação humana, espiritual e litúrgica".

       "Quando crianças e adolescentes realizam o serviço do altar com alegria e entusiasmo, oferecem aos da sua idade um testemunho eloqüente da importância e da beleza da Eucaristia", declara.

      "Graças à acentuada sensibilidade imaginativa, que caracteriza a sua idade, e com as explicações e o exemplo dos sacerdotes e dos colegas mais velhos, também os miúdos podem crescer na fé e apaixonar-se pelas realidades espirituais", assegura o Santo Padre.

      "Nas regulares celebrações dominicais e feriais, os acólitos encontram-vos a vós, nas vossas mãos vêem “fazer-se” a Eucaristia, no vosso rosto lêem o reflexo do Mistério, no vosso coração intuem a chamada a um amor maior", diz o Papa em sua carta aos sacerdotes.

      "Sede para eles pais, mestres e testemunhas de piedade eucarística e santidade de vida", conclui.Ao apresentar esta terça-feira à imprensa a Carta do Papa aos sacerdotes, o cardeal Darío Castrillón Hoyos, prefeito da Congregação para o Clero, disse que na promoção de vocações ao sacerdócio a atenção aos coroinhas é decisiva."Se as crianças e os jovens vêem no sacerdote a alegria de ser ministros de Cristo e depositários dos mistérios divinos, a generosidade para administrar os sacramentos, em particular a Reconciliação e a Eucaristia, então se perguntarão se não pode ser esta" "a opção mais cheia de felicidade para suas vidas", afirmou o purpurado colombiano.


Fonte: A Importância do Coroinha Segundo São João Paulo II (catequisar.com.br)


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